Vias
Metabólicas de Degradação Lipídica
Até onde sabemos os ácidos graxos
(AGs), Triglicerídeos (TGs) e Fosfolipidios (FL) exercem um papel fundamental
na estruturação celular, sendo assim, se torna fundamental o entendimento de
sua função, e suas possíveis disfunções a nível molecular e principalmente energético.
Precursor primordial de hormônios,
ativador de enzimas, vitamina D e formador de membrana celular.
Os ácidos graxos, ou ácidos
carboxílicos, podem ser classificados em saturados (moléculas que não possuem
duplas ligações em sua cadeia, e geralmente são encontrados em estado sólido –
demandando de uma preocupação clinica importante) e insaturados que podem ainda
ser classificados em Monoinsaturados (w-9), e Poli-insaturados (w-6 e w-3); ou
também classificados de acordo ao tamanho da sua cadeia: Curta (4-8 C), Média
(9-12C), Longos (13-20C), e Muito Longos (mais de 20 C). Os AGs possuem uma característica
química peculiar que é a presença do grupamento amina-COOH, este carbono sendo
o inicio da cadeia seguido pelo carbono 2 ou α, e seguido pelo C3 ou β tomando
atenção importante pois é a região da
molécula onde ocorre a β-oxidação.
Já os TGs, que possuem
característica energética e formada por 3(três) moléculas de AGs ligados a uma
molécula de Glicerol, depositados no tecido adiposo e muscular.
As lipoproteínas são partículas
esferóides, abundantes ésteres de colesterol, fosfolipídios e triglicerídeos. No
estado absortivo, depois de ter sido extraído do sangue todos os Quilomicrons
(Qm), mais de 95% de todos os lipídios adotam a forma de lipoproteínas, ou partículas
mais reduzidas que os Qm, mas de composição qualitativa (com triglicerídeos,
colesterol e fosfolipídios), compondo uma fração de 70mg/dl de sangue. 7,8
Há quatro tipos de
lipoproteínas, qualificadas de acordo com seu peso e densidade: VLDL (very low
density lipoprotein), IDL (intemediate density lipoprotein), LDL (low density
lipoprotein) E HDL (higth density lipoprotein). Essas lipoproteínas precisam
estar em homeostase para que não desencadeie uma um estado patológico, então
precisam ser carreadas para depuração no fígado e serem rechaçadas pelo
organismo. Esta LP é formada por um núcleo rico em triglicerídeos, uma zona
ateroproteica e envolto a uma camada de hidrofospolipidios facilitando seu
movimento no liquido sanguíneo.
Os carreadores desse
complexo são feitos pelas Apolipoproteinas (Apos). Estas estão aderidas de forma estratégica na
superfície e interior de uma lipoproteína, facilitando seu deslocamento. Possui
uma camada externa hidrofílica aumentando a capacidade de fluidez do complexo,
e no seu interior às proteínas interagem de tal maneira que impedem que o
complexo faça reações indevidas tornando um sitio hidrofóbico, e esse núcleo é
chamado de núcleo core.
Na ingestão dos lipídios os
Qm são englobados pelo seu core facilitando sua interação com a circulação
linfática, onde a resultante é despejado no sangue pelo ducto linfático
juguloclavicular. Devido ao seu tamanho, os Qm não seguem para a circulação
capilar, já que não avançam em direção ao sitio porta-hepático, suprem a necessidade
de reservas dos adipócitos. Os Qms entericamente absorvidos entram em contato
com o HDL que, transfere a ele a duas apolipoproteínas fundamentais para a
liberação dos TGs dos adipócitos, Apo-C2 e Apo-E. A Apo-C2 cumpre o objetivo
identificador dos Qms pelos adipócitos, assim acionam a Lipoproteína-Lipase
(LpL) (produzidas pelo Pâncreas), a qual por hidrolização reduz dos TGs o
glicerol e ácidos graxos para o tecido adiposo, no qual, ele (tecido adiposo) o
absorve e restaura em TGs novamente para a absorção. Os Qms resultantes dessa
manobra são de baixo teor de TGs, nomeados de Qm remanescentes. Estes são
absorvidos pelos hepatócitos reconhecidos pela Apo-B48 e Apo-E que metabolizam os LPs restantes. O objeto de
degradação pelos hepatócitos é o colesterol que é eliminado em forma de ácido
biliar ou colesterol livre que empenham um papel emulsificador dos lipídeos no
bolo alimentar. É importante salientar que a ingesta de colesterol pouco
interfere nos índices de colesterol sangüíneo, já que este é absorvido e
permanece na composição dos QmRs, sendo posteriormente metabolizados pelo
fígado e secretados, frisando que a hipercolesterolemia resulta no
processamento errado dessas LPs e/ou na codificação equivocada dessas pelo retículo
endoplasmático rugoso, resultado de uma má expressão gênica.
Quando as concentrações de
Acetil-CoA sofrem aumento pela ingestão de açucares e lipídios os hepatócitos
voltam a sintetizar colesterol, visto que as frações metabólicas resultantes
são a Acetil-CoA – e este lipídio endógeno é lançado na corrente sanguínea como
VLDL. Este VLDL recebe do HLD as Apo-C2; E, assim ativando o reconhecimento dos
hepatócitos a liberação de LpL e o clico metabólico recomeça. A ausência de triglicerídeos compondo o VLDL
torna-o mais denso constituindo outra classe, um complexo chamado IDL e ou VLDL
remanescentes (VLDLr). Nesta via há duas possibilidades repassam ao HDL as Apo-C2
e E ou são processadas pelo fígado já que em sua matriz à presença de Apo-E.
Este IDL absorve do HDL ésteres de colesterol diminuindo sua densidade formando
o LDL e devido a ação da Apo-B100 e colesterol sendo repassado aos tecidos com
maior afinidade para os tecidos produtores de Hormônios esteroidáis. Ao mesmo
tempo essas estruturas celulares têm capacidade de elevar a produção e consigo
aumentar a concentração de LDL no interior citoplasmático, como no o glicocalix
possui um receptor de Apo-B100r ocorre à adsorção e internalizarão pelo LPr. Caso
ocorra ou exista certa necessidade de CT, a molécula extirpa o complemento
receptor e ocorre um acumulo de LDL sanguíneo, causando o risco de gênese de
algum acometimento cardiovascular grave.
Como se vê, o HDL é
importantíssimo para a manutenção da homeostase dessa dinâmica de trânsito
lipídico. Além do mais, estudos mostram que valores elevados dessa lipoproteína
representam êxito na retirada de LDL fixados nas paredes de vasos da
circuitaria sangüífera, pois captura o colesterol livre presente em sua
composição, podendo esterificá-lo por meio de uma enzima denominada Lecitina
Colesterol-Acil-Transferase (LCAT - lê-se licat) e incorporar esses ésteres.
Depois, como mostrado acima, ele transfere estes ésteres para VLDL circulantes
(não depositados em paredes vasculares), transformando-o em LDL, como supra-citado.
Isso favorece o consumo desse excesso pelo fígado e pelas células das
Supra-Renais e das Gônadas, no momento em que houver necessidade. O HDL ainda
pode ser captado pelo Fígado e ter seu colesterol excretado na forma de ácidos
biliares e colesterol livre na bile, a exemplo do que ocorre com o colesterol
presente em Quilomícrons. É por tudo isso que o HDL é vulgarmente e
incorretamente chamado de “colesterol” bom! Mas, de fato, corresponde em um
excelente agente do feedback lipídico sangüíneo. E, por último, como ainda não
foi dito, o HDL é produzido unicamente pelo fígado e possui sua concentração
consideravelmente elevada em indivíduos com hábitos saudáveis e que ingerem
regularmente os chamados lipídios insaturados, presentes, por exemplo, no azeite
extra virgem. 9
Bibliografia:
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cap.1 2012. http://manualdecardiologia.com.br/cap.1-de-MANUAL_CARDIOLOGIA_TIMERMAN.pdf
2 Bloch, K V et al, ERICA:
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3 XAVIER, H.
T. et al. V
Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq. Bras.
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5 World
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6 GUIA DE REACÇÕES ADVERSAS A
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(Acessado em 07/04/2017)
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8 ALBA ZAYAS, Lázaro E.;
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1561-3011. [http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0864-03002003000100005]
(Acessado em 08/04/2017)
9 S.A.;
Mecanismos de transporte de lipoproteínas; Colesterol. UNB [http://painel-colesterol.blogspot.com.br/2008/11/o-mecanismo-de-transporte-do-colesterol.html]
acessado em (09/04/17)
Thiago Soethe Ramos on ResearchGate
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